A arte de aprender brincando - O uso da 'gamificação' no ensino público do Rio
- commovimentouff
- 5 de jul. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 15 de jul. de 2021
Uma iniciativa disruptiva para o ensino público no município do Rio de Janeiro, através do uso da lógica dos jogos no aprendizado de línguas.

Foto: Suami Dias/ GOVBA
por Renato Tavares Mayr
Conceito relativamente recente, a ‘gamificação’, termo adaptado do inglês (“gamification”), implica na introdução da lógica dos jogos, tanto físicos quanto eletrônicos, com o intuito de trazer novas perspectivas para diversas áreas. Com seu foco em dinamismo e na conclusão de objetivos, fica fácil de entender o sucesso que tal prática tem encontrado, especialmente, na Educação.
Larissa Castineiras é estudante de Letras (Latim) pela UFRJ e começou sua jornada na pedagogia em 2018, trabalhando como mediadora de crianças com deficiência em escolas públicas da cidade do Rio de Janeiro, onde auxiliava no trabalho dos professores adaptando o material escolar e assistindo diretamente aos alunos. Fora instruída em cursos voltados para tal iniciativa, ministrados pela Secretaria de Educação Municipal, decorrente da Lei 12,764/12, que obriga as escolas fornecerem tal auxílio para crianças especiais.

Foto: Larissa Castineiras
“Ter entrado na mediação foi um divisor de águas pra mim. Comecei a me envolver com as mães que batalham sozinhas para criar seus filhos, a maioria delas tendo que abrir mão das próprias carreiras para dar conta, já que, na maioria dos casos, o pai abandona a família quando descobre a condição das crianças”, revela Larissa, que também passou a praticar o ensino da língua portuguesa como tutora.
Ao mesmo tempo, o CLAC (Curso de Línguas Aberto à Comunidade) precisava de apoio. A partir do CLAC, como projeto de extensão, os graduandos de Letras da UFRJ oferecem aulas para alunos e servidores da própria universidade, assim como para jovens de famílias com baixo poder aquisitivo, de toda a comunidade. Dentre os inúmeros cursos, que vão desde Inglês e Francês, até ao Hebraico e Grego, Larissa se deparou com a oportunidade de unir os estudos com o seu interesse na difusão do ensino de base. E viu a divisão de Latim do CLAC, que até então era de responsabilidade de Fábio Frohwein, seu orientador, como o ponto de partida. Embarcou no projeto como auxiliadora dos monitores, trazendo consigo a bagagem dos tempos de mediação, e acabou capitaneando um esforço para incluir na base do ensino uma antiga paixão: os jogos.
“Lendo os Parâmetros Curriculares Nacionais, descobrimos que jogos eram pedidos como forma de aprendizagem na escola. Foi nesse momento que enxergamos uma oportunidade para além dos muros da faculdade, implementando o aprendizado de Latim no ensino básico”, diz Larissa.
Buscando disciplinas que dialogassem com o esforço do grupo, encontraram na Biologia o caminho natural, dado o costume da área de utilizar o Latim para a nomear cientificamente tanto fauna quanto flora. Assim nasceu um jogo de identificação de plantas, incluindo no desafio a relação entre suas características diversas, resultando na identificação de seu nome científico, em Latim.

Foto: Larissa Castineiras / Protótipo do jogo
Com o projeto em andamento, escolas têm sido contatadas para implementar o jogo na grade curricular. As dificuldades decorrentes da Pandemia de Covid-19 e o atual ensino à distância têm sido sentidas, mas o ímpeto do grupo não enfraqueceu.
“Estamos orgulhosos com o projeto e esperamos que mais alunos de Latim se interessem pela iniciativa”, nos revela Larissa, empolgada com o futuro.
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