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Comunicação em Movimento no Rádio debate movimentos antirracistas e comunicação comunitária

Mídias alternativas e redes sociais ajudam a dar voz e visibilidade às lutas da população negra


Por Pâmela Dias


Movimentos antirracistas e comunicação comunitária. Este foi o tema abordado no último programa do Comunicação em Movimento no Rádio, apresentado no dia 31 de agosto, no Jornal Integração da Associação Catarinense de Radiodifusão Comunitária (ACRACOM). O objetivo foi debater como os corpos pretos são afetados e o modo como são retratados pela mídia hegemônica. Além disso, também se discutiu a importância das redes sociais e das mídias comunitárias e alternativas para a formação de diálogos plurais.


As convidadas para dar vida ao tema foram Daiane Oliveira, jornalista e coordenadora do Portal Notícia Preta nas regiões norte e nordeste, e Monique Paula, mestranda em Mídia e Cotidiano pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisadora sobre a visibilidade das mulheres negras progressistas na política. A apresentação do programa ficou a cargo de Catiane Pereira, graduanda de jornalismo pela UFF, e Alex Oliveira, mestrando em Mídia e Cotidiano pela mesma universidade.


Especialmente neste período de pandemia, os movimentos antirracistas se intensificaram pela internet, também por meio das hashtags #BlackLivesMatter ou #VidasNegrasImportam, para denunciar os ataques racistas e genocidas contra a população negra. O mais recente deles, com repercussão mundial, foi o assassinato do afro-americano George Floyd, por um policial branco nos Estados Unidos.


No Brasil, manifestações e diálogos também são massivamente propostos pelas mídias alternativas, para falar sobre a desigualdade social e racial no país. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, a cada 3 assassinatos no Brasil, 2 são de jovens negros, com idades entre 15 e 24 anos. Segundo Daiane Oliveira, para nadar contra esses números foi que surgiu o Notícia Preta.


- O Notícia Preta é um projeto que surgiu para dar voz e vez aos povos invisibilizados e, principalmente, para contrapor o jornalismo tradicional, que utiliza bordões como bandido, acusado, traficante, entre outros, para retratar o povo preto. Agora, durante a pandemia, fizemos parceria com o continente Africano, pegamos dados dos observatórios da favela, do Ministério da Saúde e produzimos conteúdos para analisar como a pandemia é mais agressiva e brutal com os corpos negros. Eles estão entre os principais mortos pelo novo coronavírus e isso reflete as políticas excludentes e racistas - pontuou a jornalista.



Manifestantes contra o genocídio da população negra e violência policial - Agência Brasil


Neste processo da busca por representatividade, Daiane acredita que as redes sociais podem ser canais de voz, mas também tornam-se espaços para críticas e para a implementação da “política do cancelamento”. Segundo ela, tal ação social ignora e massacra alguns corpos, os quais muitas vezes são desvalorizados por representarem o diferente ou não abordarem perspectivas da mídia tradicional, como é o caso do Notícia Preta.


A pesquisadora Monique Paula contribuiu para o tema ao abordar alguns dados de sua pesquisa sobre a atuação de mulheres pretas na política, que analisa especialmente o perfil da deputada federal Talíria Petrone. Para Monique, as redes sociais podem ser um instrumento importante para alcançar cada vez mais pessoas de diferentes ideologias e conseguir votos, capazes de eleger e representar a população negra no parlamento. Ao mesmo tempo, a visibilidade traz segurança para as candidatas, que diariamente são ameaçadas de morte, como o caso da ex-vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, assassinada em 2018, e da própria Talíria Petrone, atacada e ameaçada diariamente em suas páginas.


De acordo com Paula, apesar dos desafios, uma expressiva representatividade negra têm acontecido nos últimos anos e proporcionado esperança ao povo preto.


- Parece que estamos vivendo um levante de mulheres negras na política. Partindo do princípio de que as leis moldam o comportamento e práticas sociais, ter mulheres negras neste ambiente é essencial para dar representatividade e promover a democracia em um país antirracista. Gosto de ressaltar que as redes sociais não serão a salvação de todos os problemas, mas toda forma de visibilidade é bem-vinda.


Para ouvir o programa na íntegra, clique aqui.


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