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A cultura do engajamento e o envolvimento virtual com o cotidiano

Atualizado: 14 de jul. de 2022



Engajar é um verbo cada vez mais usado no dia a dia. O uso da palavra pode ser empregado em diversos contextos e entendimentos diferentes. Etimologicamente, o termo vem do francês “engager”, que significa “dar em garantia”, “empenhar”, “ter compromisso com algo”, mas também pode ser usado como aquilo que é feito com dedicação e afinco. Atualmente, engajar nos remete diretamente e intencionalmente às redes sociais e a forma como os conteúdos interagem com o público. Ou melhor, como o público adere e participa dos conteúdos e do que eles abordam.


Refletindo sobre a percepção da palavra, podemos nos questionar se uma publicação engajada é aquela que representa uma grande quantidade de reações - curtidas e compartilhamentos - ou se é aquela que, de fato, mobiliza pessoas para alguma ação. Essa discussão vem se tornando comum nos meios acadêmicos e entre profissionais da Comunicação, abrindo diversos precedentes sobre as práticas cotidianas e a forma como nos relacionamos com o ambiente virtual, com todas as possibilidades de interação que ele proporciona.


Se considerarmos que engajar é a primeira opção, a das reações, pensar sobre o que faz uma publicação ter mais visibilidade que outra dependerá de diversos fatores que vão além do conteúdo. O que é publicado vai ter variações relacionadas a quem publica, para quem, a linguagem utilizada, se há algum tipo de impulsionamento, entre inúmeros outros itens que podem influenciar no resultado. A questão, neste caso, é o que se faz a partir daí. Se for uma publicação comercial, reverteu em vendas? Se for uma publicação política, reverteu em alguma mobilização? Se for uma publicação institucional, reverteu para alguma ideia?


Esse tipo de provocação leva a segunda opção, a do engajamento para o movimento. O conteúdo para além do impacto e como mensagem e chamada para ação, seja esta uma reflexão, uma atitude ou uma tomada de decisão. O que estamos fazendo com o que chega de informação até nós diariamente é relevante ou apenas passa aos nossos olhos e nos faz, mecanicamente, distribuir os likes? Quando compartilhamos algo, estamos comunicando aos demais que aquela postagem possui uma mensagem que conversa com nossas crenças e que queremos alcançar mais público. É como se disséssemos: “ei, eu concordo com isto e quero que você veja também”.


O dinamismo do engajamento está tão presente no mundo corporativo, por exemplo, que existe uma preocupação cada vez mais lapidada aos conteúdos e formas de interação por parte das marcas com seu público, que pode não necessariamente consumir o produto ou serviço, mas consome uma imagem, uma ideia ou uma postura, e absorve isso nas suas práticas cotidianas. Não se trata apenas da publicidade tradicional e imperativa, do “compre”, “use”, “seja”. Mas de um conteúdo pensado para gerar afinidade, afetividade, posicionamento e, por fim, tornar aquela marca um conceito e até mesmo um canal.


Esse exemplo do mundo corporativo é apenas um viés de tantas outras áreas e esferas da sociedade, seja na política, na cultura ou até na própria comunicação. Engajamento requer ação, mas antes de tudo estratégia. E em um mundo de curtidas, seguidores, algoritmos e influenciadores digitais, precisamos “arrastar pra cima” para compreender o nosso papel enquanto seres interacionais nesse cotidiano virtual.



Texto por:

Carolina Grimião

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Mídia e Cotidiano PPGMC UFF

 
 
 

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