Amazon: o limite entre praticidade e controle dos usuários
- commovimentouff
- 14 de dez. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 24 de jan. de 2022

A Amazon é uma das maiores empresas multinacionais de tecnologia norte-americanas, que concentra e-commerce, streaming e inteligência artificial. Comandada pelo bilionário Jeff Bezos, a empresa se tornou um dos pontos chave para a “publicidade sensorial”, um tipo de publicidade que atinge o consumidor sem que ele esteja ciente disso. Enquanto outras empresas como a Google apenas produzem estes dispositivos, a Amazon comercializa este tipo de experiência. No último ano, Jeff Bezos iniciou a expansão das suas zonas comerciais para o espaço sideral, mas é importante pensarmos sobre como a Amazon impacta a nossa vida cotidiana na Terra.
Ao longo das últimas décadas, a popularização dos smartphones proporcionou uma comunicação instantânea, que superou distâncias e barreiras, explicada nos conceitos de “mobilidade” e “portabilidade” pelo autor André Lemos (2017). A mobilidade seria a possibilidade do uso maior do tempo assíncrono, facilitando a movimentação de informações e liberdade para consumi-las. Já a portabilidade estaria mais diretamente ligada aos dispositivos, ou seja, ao meio e não à mensagem. A modernização dos aparelhos mobile gerou a possibilidade para o desenvolvimento de novas técnicas de controle usadas pela publicidade. Sob o contexto de “inovação” surgiram aparelhos inteligentes que muitas vezes não demonstram o tom invasivo que eles carregam consigo, como é o caso da Alexa, o mais popular dispositivo smart, vendido pela Amazon.

Dispositivos Alexa Foto: Divulgação/Amazon
A Alexa se apresenta como um dispositivo para melhorar seu dia, organizar suas tarefas e tornar seu dia a dia mais simples. Entretanto, vemos como a publicidade consegue se apoderar desse tipo de dispositivo e influenciar nossas vidas, mesmo que de forma “disfarçada”. Um exemplo disso foi a enorme campanha de divulgação do single “Me Gusta” feita pela cantora Anitta, que em setembro de 2020 fechou uma parceria com a Amazon. No dia do lançamento da música, todos os usuários que dissessem “Bom dia, Alexa” receberam como resposta um áudio da própria Anitta desejando um bom dia e falando sobre o seu novo lançamento, mesmo que o usuário não tenha pedido por isso e sem ter feito nenhuma pesquisa relacionada a cantora. A ação gerou muita discussão nas redes sociais, onde alguns consumidores se sentiram invadidos pela propaganda.
Em 2020, a Amazon convidou algumas empresas para fazerem testes de publicidade via áudio pela Alexa, entre elas encontram-se grandes marcas como Colgate, L’oréal e Lululemon. Isso mostra que a publicidade via aparelhos inteligentes está se desenvolvendo cada vez mais, sem se preocupar com a questão ética por trás disso. Vemos nestes casos o desenvolvimento de uma nova forma de controle, uma vez que este tipo de publicidade passa desapercebida, dentro de um dispositivo que os usuários pagaram para ter dentro de casa, sendo assim deveriam estar livres dos famosos “ads”.
Por fim, se faz necessário pensar criticamente nas questões de controle pela publicidade. De acordo com a autora Izabela Domingues: “se a nossa vida está profundamente ligada aos algoritmos e eles não estão mais somente nos computadores, e sim nos grandes centros de informações de grandes empresas, é necessário pensar, cada vez mais, […] nas questões de vigilância e controle […] sobre vida de todos os cidadãos”.
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