A desinformação nos programas televisivos policialescos em casos de crimes contra as mulheres

Dossiê do Emerge em parceria com a Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD)

Foto: Isabela Naiara (08.MAR.2020/PHOTO PRESS/FOLHAPRESS)

Texto por: Maria Laura da Silva Oliveira, mestranda do PPGMC/UFF e integrante do Emerge/UFF

No Brasil, a desinformação em crimes contra as mulheres nos programas televisivos policialescos é extremamente prejudicial para as vítimas e para a sociedade como um todo. Esses programas, que têm como foco maior noticiar a violência cotidiana, muitas vezes tendem a reforçar estereótipos de gênero e reproduzir discursos machistas.

Infelizmente, existem vários tipos de estereótipos e preconceitos contra as mulheres enraizados na sociedade. Alguns deles incluem: os que sugerem que os homens são superiores às mulheres; os que sugerem que as mulheres são fracas, emocionais, irracionais e dependentes; os que sugerem que as mulheres devem ser responsáveis pela sua própria segurança e evitar situações perigosas e vestimentas “inadequadas” para não serem alvos de ataques, ao invés de culpar os agressores por seus comportamentos violentos e abusivos.

Estes tipos de estereótipos e preconceitos são nocivos e limitantes para as mulheres. Eles contribuem para a desigualdade de gênero e para a misoginia. Elementos que não deveriam ser reforçados nas mídias. A forma sensacionalista desses programas privilegiam o entretenimento em detrimento da informação precisa e do respeito à privacidade e aos direitos das vítimas, divulgando imagens e detalhes desnecessários que vitimizam a vítima e seus familiares.

A busca sem fim por audiência também gera outro problema: a divulgação de informações sem apuração. E, esse processo de desinformação leva o público a ter uma percepção equivocada sobre a violência contra a mulher e também pode prejudicar investigações policiais em andamento. Estes são alguns dos motivos pelos quais se faz importante que os programas televisivos policialescos sejam mais responsáveis na forma de abordar crimes contra as mulheres. É preciso garantir o respeito à dignidade e à privacidade das mulheres, bem como a precisão e a veracidade das informações divulgadas.

A desinformação pode causar danos imensuráveis para a mulher vítima de violência e para a sociedade. O Brasil é um país que vive uma crescente no aumento da violência contra a mulher, por isso, é vital que tais programas noticiem os crimes contra as mulheres seguindo um rigor jornalístico e ético, para que possam contribuir ativamente da conscientização e prevenção da violência, em vez de reforçar estereótipos e naturalizar a cultura da violência contra a mulher.