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Desvendando a Escuridão: A Educação sobre Violência de Gênero Feminino em Televisivos Policialescos

Atualizado: 24 de ago. de 2023



O telejornalismo policialesco, um segmento popular da mídia contemporânea, desempenha um papel influente na formação da opinião pública e na construção de narrativas sociais. Todavia, com a busca incessante por manchetes sensacionalistas, muitas vezes se perde de vista a responsabilidade de informar de maneira ética e precisa. Nesse contexto, a educação sobre a violência de gênero feminino no telejornalismo policialesco emerge como uma necessidade crítica, visando a uma abordagem mais sensível e informativa para tratar desse tema complexo.


A visibilidade da violência contra a mulher nos noticiários policialescos é indiscutivelmente uma faca de dois gumes. Enquanto a cobertura pode aumentar a conscientização sobre essa questão séria e mobilizar a opinião pública, também corre o risco de perpetuar estereótipos prejudiciais e reforçar a cultura de vitimização. Aqui, a educação desempenha um papel fundamental na orientação da abordagem midiática.


Primeiramente, educar os profissionais de mídia sobre a complexidade da violência de gênero é essencial. Compreender as nuances da violência doméstica, do feminicídio e do assédio é crucial para evitar a simplificação excessiva e a culpabilização das vítimas. Ao conhecer as raízes estruturais desses problemas, os(as) jornalistas podem contribuir para uma cobertura mais informada e responsável, que destaque as questões subjacentes em vez de apenas os detalhes sensacionalistas.


Em segundo lugar, a educação pode ajudar a conscientizar sobre a importância de representações equitativas de gênero na mídia. A cobertura midiática muitas vezes retrata as mulheres como vítimas passivas, perpetuando a ideia de sua fragilidade. Através da educação, os(as) profissionais de mídia podem aprender a retratar as mulheres como protagonistas de suas próprias histórias, capazes de resistir e superar adversidades. Essa mudança de narrativa não apenas desafia estereótipos prejudiciais, mas também empodera as mulheres ao mostrar sua força e resiliência.


Além disso, a educação sobre a violência de gênero no telejornalismo policialesco pode contribuir para uma abordagem mais ética em relação às vítimas. É crucial que os(as) jornalistas entendam a importância de tratar as vítimas com empatia e respeito, evitando a revitimização e a exposição excessiva. Uma cobertura jornalística realizada de forma responsável pode encorajar as vítimas a denunciarem os crimes, sabendo que serão tratadas com dignidade pela mídia.


A educação também pode fomentar a conscientização sobre a responsabilidade social da mídia. Os telejornais policialescos têm uma plataforma poderosa para influenciar a opinião pública e moldar normas sociais. Portanto, é crucial que os(as) profissionais de mídia compreendam o impacto de suas escolhas editoriais na sociedade. Ao educar sobre a importância de uma cobertura ética e responsável, pode-se promover uma mídia que contribua para a erradicação da violência de gênero, em vez de perpetuá-la.


Ao fornecer conhecimento sobre a complexidade da violência de gênero, promover representações equitativas de gênero, sensibilizar para a dignidade das vítimas e reforçar a responsabilidade social da mídia, a educação pode desempenhar um papel fundamental na construção de uma cobertura midiática mais informada, ética e responsável. Somente através desses esforços conjuntos podemos esperar que o telejornalismo policialesco se torne um veículo eficaz na luta contra a violência de gênero e na promoção da igualdade e do respeito mútuo entre os gêneros.


Maria Laura Oliveira é mestranda do Programa de Pós-Graduação em Mídia e Cotidiano (PPGMC/UFF) e integrante do Grupo de Pesquisa do EMERGE.



 
 
 

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