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Discurso de Ódio e Racismo: O Caso de Vinícius Júnior Sob os Holofotes

Atualizado: 2 de jul. de 2023


Texto por: Ana Alice Santos, Anna Tiago e Matheus Balonecker (Graduandos(as) da UFF).


No dia 21 de maio de 2023, durante a partida de futebol entre Valencia e Real Madrid, um evento triste e lamentável marcou o jogo: o jogador brasileiro Vinícius Júnior foi alvo de ataques racistas vindos das arquibancadas. A situação agravou-se ainda mais quando o jogador, em resposta aos insultos, foi expulso do campo. Tal episódio, infelizmente, não é isolado, sendo o décimo primeiro caso de racismo enfrentado pelo jogador em menos de dois anos na Espanha, conforme relatado pelo jornal O Globo.


A repercussão do caso alcançou proporções internacionais, despertando indignação e debates sobre o discurso de ódio presente não apenas nas redes sociais, mas também nas manifestações físicas dentro de estádios de futebol. Contrariando a noção de que o discurso de ódio é perpetrado por uma minoria oculta nas plataformas digitais, essa situação evidencia que tais atitudes encontram respaldo em certas crenças e até mesmo culturas, ultrapassando os limites e configurando-se como um crime de ódio.


Ser vítima de hostilidades com base em crenças, etnia, raça, origem ou identidade é, sem dúvida, uma violação grave dos direitos humanos, caracterizando-se como um crime de ódio. Esse tipo de violência vai além das palavras, podendo evoluir para ações violentas. Por exemplo, no início deste ano, um boneco com a camisa de Vinícius Júnior foi pendurado em uma ponte, simbolizando a morte do jogador.


Esses incidentes levantam questões fundamentais sobre a normalização do discurso de ódio e sua falta de discussão no âmbito público. É alarmante constatar que centenas de torcedores se sentem confortáveis e seguros em insultar um jogador em pleno campo, com a partida sendo transmitida para diversos países. A omissão das autoridades durante o ocorrido, limitando-se a se posicionar posteriormente sob pressão internacional, principalmente do Brasil, apenas acentua a gravidade do problema. Além de ser uma violação dos direitos fundamentais de uma pessoa, o racismo também causa um impacto negativo na saúde mental e no bem-estar daqueles que são alvo dessas ofensas.

Ademais, é necessário ressaltar a responsabilidade da FIFA, que não tomou medidas suficientemente efetivas para combater esse tipo de discriminação e proteger o atleta afetado. Apesar de multas e suspensões serem aplicadas em certos casos, há uma percepção de que as punições não têm sido proporcionais à gravidade do problema, o que gera uma sensação de impunidade, fazendo com que se perpetue o ciclo de discriminação racial nos estádios de futebol.


No enfrentamento a esse problema, é encorajador observar que o combate ao racismo no futebol e em outras esferas está ganhando força. Clubes, associações esportivas e organizações governamentais têm adotado medidas para conscientizar sobre a importância da igualdade racial e combater a discriminação. Por exemplo: após o episódio de racismo sofrido pelo jogador na Europa, diversos clubes se solidarizaram com Vinicius Junior e se pronunciaram contra o racismo. Clubes do Brasil, como o Flamengo, ex-clube do jogador, manifestaram apoio e repúdio às ofensas racistas enfrentadas por ele na Espanha. Da mesma forma, clubes internacionais, como o Manchester City, Bayern de Munique e Barcelona, também expressaram apoio a Vinicius Junior e condenaram o racismo em todas as suas formas.


Essas manifestações públicas dos clubes têm um impacto significativo na luta contra o racismo no futebol e na sociedade em geral. Ao se posicionarem, eles não apenas fortalecem a voz dos jogadores afetados, mas também enviam uma mensagem clara aos torcedores, mostrando que a discriminação racial não será tolerada e que medidas sérias serão tomadas para punir os responsáveis. Para além disso, é crucial que sejam tomadas outras medidas efetivas, como a conscientização, a educação e o estabelecimento de punições rigorosas para os agressores. Também é fomentar um ambiente inclusivo e acolhedor, onde a diversidade seja valorizada e respeitada.


O caso de Vinícius Júnior evidencia a persistência de um problema profundo e enraizado. Cabe a todos nós, como sociedade, enfrentar essa realidade, garantindo que o esporte seja um terreno seguro e livre de discriminação, onde os jogadores possam brilhar com seu talento e dedicação, independentemente de sua raça ou origem. Através da conscientização, educação e ação coletiva, podemos erradicar o racismo e garantir que todos os indivíduos sejam respeitados e tratados com dignidade.


Referências:




 
 
 

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