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Preocupações e medidas na educação diante da Covid-19

Atualizado: 23 de abr. de 2020

Avanço do coronavírus no país impõem mudanças na vida escolar


Por Mariana Trindade


Desde o início da pandemia do novo coronavírus no Brasil, uma das preocupações em destaque, além da prevenção para conter a disseminação do vírus, é como ficará o calendário escolar e acadêmico. O medo de exposição à doença definiu o fechamento das escolas em 15 dias, anulando esta preocupação do cotidiano dos estudantes e seus responsáveis. Contudo, sabe-se que o impacto desse período sem aulas é muito grande e não se limita apenas à vida escolar.


Especialmente para os alunos da rede pública, as escolas representam para algumas famílias um ambiente seguro em que deixam seus filhos para que possam trabalhar, sem contar na questão alimentar, onde muitos dependem da escola para realizar todas as refeições diárias.


Na quinta-feira (19) como medida de apoio às famílias, a prefeitura de Niterói (RJ) disponibilizou 32 mil cestas básicas aos alunos que frequentam a rede municipal de ensino. Segundo a professora Ana Lúcia de Souza, da Creche Comunitária Anália Franco, a distribuição dos alimentos foi feita de maneira bem organizada.


A prefeitura estruturou polos de retirada para creches por região, através da lista de matrícula.


Segundo Ana Lúcia, os locais de retirada dos alimentos foram informados às famílias pelas gestoras de cada creche, e também pelas redes sociais. Contudo, na página do Facebook da Rede Municipal de Niterói podemos ver que algumas famílias não foram informadas sobre a retirada de cestas, ou que as cestas recebidas foram violadas. Tentamos contato com os responsáveis dos comentários, mas até a publicação desta matéria não obtivemos retorno.




Questões levantadas pelos internautas na página do facebook da Prefeitura de Niterói


A diretora do colégio E.M Felisberto de Carvalho, Eliane da Matta esclareceu em entrevista ao "Comunicação em Movimento" que:


Fizemos contato com todas as famílias através do contato telefônico e pelas redes sociais. Mas nem todos conseguiram pegar, pois fizemos a distribuição de acordo com o cronograma que foi disponibilizado pela Fundação Municipal de Educação. A entrega foi realizada pela Assistência Social e a escola colaborou ajudando na divulgação e organização da ida à escola para não ter aglomerações" justificando a dúvida do internauta.

Além disso, Eliane declarou que não houve cestas violadas, configurando a informação como fake news. Além das preocupações apontadas acerca das cestas básicas, outra questão foi levantada. Segundo publicação, feita no dia 24 de março, na página do Facebook da Prefeitura de Niterói as aulas das escolas municipais terão seu retorno no dia 10 de abril, contudo, em pronunciamento, no dia 23 de março, o Secretário de Educação do Estado definiu o adiamento das aulas por mais 90 dias. Sem contar na hipótese que foi levantada da continuação do calendário através de conteúdos online. Diante disso, os internautas fizeram muitos questionamentos nos comentários.


Familiares se pronunciam sobre aulas online


Quando perguntado à professora Bernadette Jorge, do colégio E. M. Helena Antipoff, sobre a possibilidade da Prefeitura adiar as aulas por mais tempo além do divulgado, Bernadette respondeu


A Prefeitura está com um governante que vem se preocupando com a solução de erradicar na cidade esse vírus, vem tomando atitudes adequadas para com todos, tanto com o grupo escolar e funcionários. Essa resposta dada inicialmente permanece. Mas nada é definitivo, e por isso acredito que se precisar prorrogar, será feito. — Bernadette Jorge, professora da rede pública

Sabe-se que as escolas particulares da cidade já aderiram ao método virtual, mas, considerando a renda média dos alunos que frequentam essas escolas, acredita-se que têm o suporte que viabiliza as aulas online, algo que não é garantido ao corpo discente público. Segundo a professora:


Muitos vão argumentar que não têm acesso a internet, e por isso seria inviável realizar tal estratégia de estudos. Mas há um contraponto, que na verdade quase todos tem acesso à internet. Sempre vemos os responsáveis por vídeos e/ou jogos em seus celulares para as crianças com o intuito de diverti-las.


A professora de geografia Lahis Belizário vê esse momento como ideal na criação de laços dos pais com os filhos. Uma oportunidade de proporcionar aos pequenos o entendimento de como é importante ficar em casa neste momento:


O ideal na educação da criança e do adolescente é a presença dos pais na escola, mas isso é algo bem desafiador, pois em grande maioria os pais trabalham e não conseguem acompanhar. Como estamos em isolamento social e muitos pais estão em casa, é de grande importância e responsabilidade deles o acompanhamento das atividades educacionais, mostrando que a quarentena não é férias e que as responsabilidades escolares devem ser cumpridas.


Além disso, a professora ressalta que as atividades que forem disponibilizadas online não devem ser avaliadas:


Importante ressaltar que as atividades por EAD [Educação a Distância] não devem ser avaliativas, visto que nem todos os alunos partem das mesmas condições socioeconômicas. Cabe a escola, ao professor e aos pais estarem atentos. Lahis Belizário, professora de geografia da rede estadual

Segundo Anna Beatriz Flores, estudante de pedagogia e irmã de Samuel Flores, aluno do Colégio Estadual Manoel de Abreu, as instituições públicas ainda estão pensando sobre as alternativas de aula online. Anna conta que foi enviado aos responsáveis um formulário questionando o acesso à internet e a necessidade das cestas básicas. Para ela, que faz faculdade EAD, é possível sim que sejam ministradas aulas online e que as dificuldades apresentadas vêm muito mais do conceito pré estabelecido do que as pessoas entendem como escola e estudo:


Falando por experiência própria, eu faço faculdade a distância e a maioria das faculdades agora estão disponibilizando aulas online, e eu só vejo gente reclamando que não consegue estudar, que não têm foco, é uma coisa difícil porque o computador, a rede social... chama muito mais atenção a outras coisas do que para estudar, acho que vai ser um desafio e tanto, mas não é impossível.


Em nota, a Fundação Municipal de Educação informou “que a prioridade da Prefeitura de Niterói diante da pandemia do coronavírus foi instituir e concretizar uma política de segurança alimentar para os alunos da rede municipal. Isso foi feito com a distribuição de cestas básicas para 32 mil famílias de crianças matriculadas nas unidades do município. Após essa etapa, será feito um novo planejamento para o calendário escolar, com a definição de atividades a serem desenvolvidas pelos alunos".


Assim como no ensino estadual, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) disponibilizou um formulário para preenchimento dos alunos, com questões similares às levantas pelo Estado. A partir disso definiu, no dia 24 de março, através de nota oficial, a proibição de aulas online. As instituições acadêmicas particulares em sua maioria já contavam com uma estrutura de EAD, de modo que adaptaram os cursos e aulas para a plataforma. Outras instituições federais ainda estão em processo de análise e com as aulas suspensas.


Retrato da educação à distância


A estudante de pedagogia Larissa Fonseca apresenta ferramentas que podem ser postas em prática para manter as crianças e adolescentes dispostos a estudar neste regime online.

O ideal é focar na ludicidade, através de brincadeiras e desenhos. Por exemplo, a criança adora brincar de dominó, então porque não criar um dominó que tenha relação com uma matéria de biologia? questiona Larissa.


É preciso ter paciência. Eu estou vendo muita postagem no Facebook falando que agora se vê o real valor dos professores, que os pais não sabem o que fazer com as crianças em casa. Neste momento é preciso reinventar os vínculos sociais. A leitura é muito importante porque cria afeto com a criança. Tentar manter contato com pessoas que ela tem no dia a dia, e que por conta da quarentena não está tendo, por exemplo, uma avó fazer alguma vídeo chamada... — Larissa Fonseca, estudante de pedagogia da Universidade Federal Fluminense

A professora Bernadette Jorge completa:


Membros da família, ao sentarem juntos proporciona um ganho incalculável para todas as partes, pela afetividade, pelo reforço do incentivo, mostrando que acreditam no potencial de seus pequenos, e como eles avançam quando a família está junto. A família nesse momento precisa ser uma aliada da escola, é ela que vai fazer o trabalho no miudinho pela parceria, ela é o nosso canal direto com a criança, tendo em vista que esse contato diário com a escola foi rompido por enquanto.


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