top of page

Reabertura do comércio tem impacto sobre a continuidade dos pequenos negócios iniciados na pandemia

Enquanto retorno é comemorado por parte dos comerciantes, pequenos empreendedores temem o fim das atividades


Por Mariana Trindade


O "novo normal" já está virando uma realidade, desde o último decreto que permitiu a reabertura dos shoppings e do comércio de rua, ainda que as taxas do novo coronavírus estejam altíssimas e afetando milhares de brasileiros. Com a reabertura desses locais, como ficam os pequenos empreendedores neste período de retomada?


“Eu fiquei muito apreensiva com o início da pandemia, até mesmo pensei em dar uma pausa, mas o lucro estava sendo muito bom e resolvi arriscar”, Nathalia Martins, confeiteira

No ano passado, Nathalia Cristina resolveu empreender durante a Páscoa e vender ovos de Páscoa de colher. O que era hobbie, ela viu como uma oportunidade de virar renda extra. O retorno foi muito positivo, Nathalia resolveu fazer alguns cursos e criou um perfil no Instagram, onde vende bolos, doces personalizados e sazonais, como panetones e ovos de Páscoa. Ela conta que antes da pandemia vendia uma média de cinco bolos de festa por mês e alguns bolos de pote. Porém, com a pandemia, passou a vender uma média de três kits festa por dia:


— Eu fiquei muito apreensiva com o início da pandemia, até mesmo pensei em dar uma pausa na doceria, porque é uma exposição muito grande ao vírus... Sempre fazer entregas, ir ao mercado repor o estoque, mas o lucro estava sendo muito bom e resolvi arriscar — relata Nathalia Martins.


Quando questionada sobre quais mudanças que ela teve que fazer em relação a sua segurança e a dos clientes, a empreendedora relata:


— Como trabalho com comida, sempre fui muito preocupada com a limpeza, e isso se intensificou ainda mais com o coronavírus. Tudo é esterilizado antes mesmo de entrar na cozinha, eu só reponho meu estoque depois de ligar para loja e conferir se realmente tem o produto para não precisar me expor sem necessidade. Também pergunto aos meus clientes como eles querem que sejam entregues os doces, se preferem que eu deixe na portaria para não subir no apartamento, se eles preferem retirar…— conta Nathalia Martins.


“Antes da pandemia eu estava bem, meu último evento foi dia 14/03, dois dias antes do governador decretar a quarentena, depois disso, tive 4 rodízios cancelados naquele mês”, Renato Campos, comerciante

Para ela, os comércios de rua fechados atuaram de maneira positiva no aumento de suas vendas. Já para Renato Campos, dono de um rodízio de pizza móvel, nem tanto. Ele conta que, antes da pandemia, tinha alguns eventos agendados mas, desde que a quarentena começou, ele precisou parar:


— Antes da pandemia eu estava bem, meu último evento foi no dia 14 de março, dois dias antes do governador decretar a quarentena. Depois disso, tive quatro rodízios cancelados naquele mês, e outros que cheguei a dar orçamento sem nenhuma perspectiva de se concretizar pela incerteza de quando as coisas vão voltar ao normal — conta Renato Campos.


Reabertura do comércio no Rio de Janeiro │ Foto: EBC


Contudo, quando questionado se acredita que a reabertura do comércio irá contribuir para retomar as atividades, Renato está otimista:


— Acredito que sim. Só acho que vai demorar um pouco para as pessoas voltarem a fazer eventos em casa. O último que fiz foi para 60 pessoas e não sei como será a questão do risco de receber muitas pessoas em casa, 80% dos rodízios que faço são em residências — diz Renato Campos.


Já Nathalia Martins diz acreditar que a reabertura do comércio pode interferir nas vendas:


— Com os locais abrindo, as pessoas não vão mais precisar de tantos kits para comemorar em casa, vão voltar a se reunir e acredito que diminua o volume de vendas. Além disso, ainda não sei se é o momento ideal para acabarmos com a quarentena. Não digo isso por conta das minhas vendas, mas ainda não parece seguro diante de tantos casos que ainda estamos tendo de Covid — explica Nathalia Martins.


O Rio de Janeiro registrou no último dia 13 de julho, 11,4 mil mortos por Covid-19 segundo o portal da saúde, mantendo-se em primeiro lugar do país com a maior taxa de letalidade.


53 visualizações0 comentário
bottom of page