Educação sexual nas escolas, saúde menstrual e higiene básica
- commovimentouff
- 6 de jun. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 2 de jul. de 2023

Texto por: Juliane, Thiago e Larissa (Graduandos(as) da UFF).
Segundo dados da cartilha da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH), divulgada pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, o Disque 100 registrou 95,2 mil denúncias de violência contra crianças e adolescentes em 2020. Os registros corresponderam a 368.333 violações e incluem violência física, psicológica, abuso sexual, estupro e exploração sexual, indicando a necessidade urgente de mudança nesse cenário.
Os preconceitos, tabus e desinformação contribuem para que crianças e adolescentes fiquem vulneráveis quando se trata do seu corpo e da sua sexualidade, perpetuando um ciclo que nos impede de exercer o papel essencial de proteger nossa futura geração. Mas qual o papel da escola nisso tudo?
Especialistas nas áreas de saúde e educação são enfáticos ao defender a educação sexual nas escolas como uma ferramenta de conscientização sobre consentimento, privacidade, higiene básica e sobre o funcionamento do próprio corpo. Podemos trabalhar o tema com atividades lúdicas, jogos, vídeos e debates para abordar os vastos temas que o assunto traz, como a gravidez na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis, o uso correto de preservativos e as opções disponíveis, noções básicas de higiene pessoal etc.
Diferente do que muitas pessoas pensam, a educação sexual não estimula a prática sexual precoce. Muito pelo contrário, a orientação nas escolas ajuda a desmistificar tabus sobre o corpo humano, a puberdade e a menstruação, além de reforçarmos o papel da escola como um canal seguro para denúncias e uma rede de apoio e proteção. Dessa forma, crianças e adolescentes podem entender o que está acontecendo e saber a quem procurar caso precisem de qualquer tipo de ajuda.
Além de prevenir casos de abuso, a educação sexual nas escolas informa meninas sobre questões envolvendo saúde menstrual e higiene básica, que permanece um tabu em muitos lugares. Assim, é devido aos estigmas e a falta de acesso a produtos de higiene adequados que muitas meninas matam aulas, evitam fazer atividades físicas e muitas vezes até sair de casa, principalmente após menstruarem pela primeira vez. Quando não falamos sobre a menstruação, usando o termo correto e nos referimos por termos como “naqueles dias”, “de chico” ou outros eufemismos envoltos de estigmas, criamos barreiras para o conhecimento do pleno funcionamento do corpo. É através da conversa e informação que muitas meninas podem entender como lidar com desconfortos do período menstrual, desde cólicas a manchas nas roupas.
Ao desmistificarmos o assunto, entendemos a menstruação como um processo natural e biológico muito comum, que não deve ser motivo de vergonha. Além disso, saber identificar alterações no próprio corpo durante esse período é muito importante para o combate e prevenção de doenças como endometriose, Síndrome dos Ovários Policísticos e distúrbios hormonais, que muitas vezes são desapercebidas devido a falta de diagnóstico.
Por isso, abordar questões de educação sexual, saúde menstrual e higiene básica nas escolas é uma questão de saúde pública e responsabilidade social. Ensinar sobre o próprio corpo e como cuidar dele é essencial para evitarmos doenças, prevenirmos e identificarmos casos de abuso e, ainda, fazer com que questões naturais do corpo humano sejam tratadas com normalidade, da forma que deveriam. Ainda que estejamos muito longe do cenário ideal para conscientizarmos e protegermos nossas crianças e adolescentes, combater preconceitos, tabus e desinformação é o primeiro passo para criarmos a rede de apoio necessária para mudar essa realidade.

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