Favela Terapia leva acolhimento e escuta ativa para moradores de favelas e periferias
- commovimentouff
- 10 de ago. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 22 de ago. de 2021
A iniciativa surgiu em 2019 e vem desempenhando um papel importante em um pré vestibular na favela do Jacarezinho.

Membros do Favela Terapia em 2019. Foto: Reprodução
Por: Victória Henrique
Cuidar do emocional é uma prática essencial para ter uma melhor qualidade de vida, ainda mais em meio a uma pandemia que impôs o isolamento social. No entanto, o acesso a apoio psicológico não é barato, o que dificulta a democratização do serviço. Uma sessão de terapia pode, por exemplo, ultrapassar o valor de R$ 100. Ao se tratar de um país em que milhões de pessoas vivem abaixo da linha de pobreza, essa quantia é extremamente alta.
Foi a partir desse contexto que em 2019 surgiu o Favela Terapia, coletivo formado por estudantes de Psicologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), que oferece suporte psicológico para moradores de favelas. Todos os membros são de favelas e periferias e em grande parte negros.
Atualmente o projeto atua no Núcleo Independente e Comunitário de Aprendizado (NICA), da favela do Jacarezinho, Zona Norte do Rio de Janeiro, proporcionando um espaço terapêutico, de troca e acolhimento. Uma das fundadoras, Gabriella Pacífico, de 23 anos, ressalta que o grupo não faz nenhum tipo de atendimento, já que o Favela Terapia é formado apenas por estudantes. No NICA, são realizadas rodas de conversa com os estudantes por meio de uma escuta sensível. O objetivo é colocar em debate temáticas que atravessam as vidas dessas pessoas, como questões relacionadas à raça, território, classe e gênero.
Um dos maiores efeitos positivos que o coletivo vem gerando com as suas ações é conseguir introduzir o tema sobre saúde mental nas favelas e possibilitar que as pessoas expressem as suas emoções cada vez mais. “A pessoa poder se expressar é um dos maiores resultados”, afirma Gabriella. No pré-vestibular, especificamente, foi possível observar grandes avanços também. De acordo com a jovem, alguns estudantes passaram a estar mais conscientes e tranquilos na hora de fazer a prova.
Diego Gomes, que fez pré-vestibular no NICA e conseguiu ingressar no curso de Administração na UERJ, conta que a presença do Favela Terapia foi um divisor de águas em sua vida, porque propôs ações que estimularam a sua confiança. “Atividades essenciais para o descanso da mente e para fazer a gente confiar mais em nós mesmos. Todo mundo estava esgotado emocionalmente, porque é uma pressão muito grande ter que lidar com essas questões do vestibular”, afirmou.
Nesta pandemia, o Favela Terapia participou de campanha para mitigar os impactos da Covid-19, distribuindo kits de higiene para moradores de favelas e moradores em situação de rua, uma ação marcante para o projeto, pois foi uma possibilidade de conversar com essas pessoas dando o mínimo de suporte. Ainda sobre este período de doença, Gabriella fala que foi um desafio manter as reuniões de maneira on-line devido questões estruturais. Agora, com a queda de casos, o projeto está retomando os trabalhos aos poucos para, no futuro, caminhar rumo a realização de um sonho: fazer o Favela Terapia rodar a maioria das favelas do Rio de Janeiro.
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