Futuros do Jacarezinho: transformação social através do samba
- commovimentouff
- 2 de set. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 14 de set. de 2021
Projeto na favela do Jacarezinho forma passistas, mestres-sala, porta-bandeiras e ritmistas.

Os alunos formados desfilam na Unidos do Jacarezinho. Foto: Reprodução
Por: Victória Henrique
O Jacarezinho é uma favela localizada na zona norte da cidade do Rio de Janeiro que possui mais de 37 mil habitantes de acordo com dados de 2010 da Prefeitura do Rio. É um local que historicamente sofre com a ausência de políticas públicas e com operações policiais constantes, mas que resiste diariamente através dos projetos sociais que desenvolve. A iniciativa “Futuros do Jacarezinho” é um exemplo. Criada em meio à pandemia de Covid-19, a ação proporciona transformação social por meio do samba.
O projeto acontece em um espaço muito simbólico da favela: a quadra da Unidos do Jacarezinho, situada logo na entrada da comunidade. A Escola rosa, verde e branca existe desde 1966 e completou os seus 55 anos em junho. A quadra, além de receber os ensaios carnavalescos, também é utilizada para a realização de algumas atividades. O “Futuros do Jacarezinho” foi fundado por Tatiane Chagas, moradora do Jacarezinho, e tem como objetivo formar passistas, mestres-sala, porta-bandeiras e ritmistas. As aulas acontecem uma vez por semana e são ministradas por pessoas que são ou já foram membros da Escola.
Tatiane Chagas conta que o projeto é a continuação de outro, o “Jacarelândia”. Após um período, ela teve a ideia de dar sequência ao legado deixado pela iniciativa anterior que não existe mais, fundando o “Futuros do Jacarezinho” que beneficia não só crianças, mas também jovens e adultos que tenham interesse pelo samba. A iniciativa não para por aí. As crianças que participam da ação atualmente vão desfilar na ala de passistas mirins da Unidos do Jacarezinho no próximo carnaval. “Automaticamente quem se forma ali vai direto para a bateria, vira um casal de mestre-sala e porta-bandeira, vira passista”, falou.
O projeto acontece desde o início de agosto do ano passado, quando o país e o mundo já estavam imersos na pandemia de Covid-19. Tatiane compartilha que na época pensou em como poderia proporcionar algum tipo de atividade para as crianças da sua comunidade que estavam sem nenhuma opção de lazer e cultura. Esse contexto foi o estopim para pensar e colocar em prática a iniciativa. “Quando as crianças estavam muito presas em casa e tudo mais”, relembrou.
O que não esperava era o alcance que o projeto teria. Depois de um pouco mais de um ano, tem mais do que o dobro da quantidade de quando começou. “Nós começamos com 15 crianças. Hoje nós temos 35”, comemorou. O maior sonho de Tatiane é conseguir investimento para o “Futuros do Jacarezinho”, que fornece formação cultural e musical para moradores de uma favela historicamente marginalizada e que recebeu do Estado há cerca de três meses uma chacina que deixou 28 mortos. “É um projeto muito bom, a gente só precisa mesmo é de ajuda”, afirmou.
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