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Podcast: como o novo formato digital de audiovisual tem sido utilizado pelas escolas de samba?


Que os podcasts estão em alta ninguém pode negar. O formato é uma realidade em muitas áreas e vem conquistando cada vez mais público. Em um contexto bem simples, um podcast se resume a um programa de áudio gravado e que o ouvinte acessa quando quiser nas plataformas de streamings específicas e pode, inclusive, fazer o download do arquivo, se desejar.


Apesar de não ser tão novo quanto parece, os podcasts surgiram timidamente há aproximadamente 19 anos. O nome é atribuído ao ex-VJ da MTV Adam Curry, que criou o primeiro agregador de podcasts. Com o início da migração das rádios para a web, a palavra é a junção de Pod (“pessoal sob demanda”, que vem do IPod), com broadcast (radiodifusão).


Atualmente, esse formato tão prático e acessível, vem ganhando novas roupagens com a utilização de outras plataformas para que, além de áudio, também sejam disponibilizados em vídeos. Dessa forma, os programas são gravados em estúdios similares aos de rádio, porém com uma filmagem que se aproxima dos tradicionais talk-shows.


Assim, o áudio vai para um tipo de plataforma, como Deezer e Spotify, e o vídeo para outras, como o YouTube, por exemplo. Há ainda um desdobramento desse material nas redes sociais, como recortes e trechos de entrevistas que viralizam nos reels do Instagram e do Facebook. Esse modelo, por atender áreas distintas e públicos variados de acordo com o interesse de cada segmento, vem crescendo e sendo utilizado também nos meios culturais, como o Carnaval.


Segundo a Associação Brasileira de Podcasters, a AbPod, “as buscas com o termo ‘podcast’ no Brasil já estão 43% maiores de janeiro a setembro deste ano (2022) que todo o ano de 2021 (Dados: Google Trends)”. Além disso, os dados também apontam que mais de 50 milhões de brasileiros já consumiram conteúdos em plataformas digitais de áudio.


Especificamente no setor do Carnaval, o formato começou a aparecer em caráter mais experimental e ainda está se desenhando e ganhando forma em alguns canais. Um deles é o SambaPod!, do canal Batuque Digital, que acabou de completar um ano e apresenta, em sua programação, uma série de vídeos com entrevistas com personagens do samba. Assim como o Nota 10 Podcast, que procura trazer, como eles mesmos descrevem, uma conexão entre o Carnaval do Rio e de São Paulo.


E nem o atual Presidente da Liga Independente das Escolas de Samba - LIESA - ficou de fora. Com mais de 50 anos de carreira, Jorge Perlingeiro, que já teve programas de TV e é o locutor oficial da apuração do Carnaval carioca, inovou ao lançar um canal em podcast buscando criar um acervo de memórias com diversas personalidades do meio. Com 12 mil inscritos, o canal é um dos mais visualizados do Youtube: “E agora, me curvando e me rendendo à modernidade e à tecnologia, a gente tem que se adequar de certa forma. Hoje o podcast é algo que eu acompanho e conversar é uma coisa que eu sempre gostei”, relata o apresentador no seu primeiro programa.



Recentemente, a Unidos do Viradouro, agremiação que desfila pelo Grupo Especial do Rio de Janeiro, lançou a primeira iniciativa de uma escola de samba em produzir o seu próprio podcast. Com o nome “Carnaval, te amo!”, o programa tem a proposta de reunir profissionais do meio com um tema central. O programa é mediado por Marcelinho Calil, diretor-executivo da Viradouro, com a participação fixa de Alex Fab, diretor de Carnaval da escola de Niterói.


No primeiro episódio, exibido em 17 de julho de 2023, cujo tema foi Enredo e reuniu diversos pesquisadores do ramo, Marcelinho apresentou: “Estamos começando um novo projeto, onde vamos reunir amantes da festa e profissionais do Carnaval em uma série de episódios”. O segundo episódio teve como tema Bateria, reunindo alguns dos maiores nomes do quesito e já caminha para o terceiro programa, que será com carnavalescos e na sequência, com as porta-bandeiras.


A adesão desse tipo de conteúdo e formato ainda está em uma fase muito inicial e pertence a um movimento de cultura digital que vem se configurando desde a pandemia, quando surgiram as lives e diversos outros conteúdos para entretenimento, mas também a manutenção de um público que espera e vivencia o ano inteiro as notícias, informações e demais atividades propostas pelas agremiações carnavalescas.


Acompanhar essas mudanças, transições e novidades é observar um nicho que vem descobrindo novas formas de se fazer comunicar e se especializando em fazer das suas próprias narrativas um caminho para atender as necessidades de renovar a sua linguagem com seu componente ou torcedor. Inovações que valem a pena ficar de olho.



Carolina Grimião é jornalista, historiadora, mestranda do Programa de Pós-Graduação

em Mídia e Cotidiano (PPGMC/UFF) e integrante do Grupo de Pesquisa do EMERGE.


 
 
 

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