Iniciativa em Manguinhos oferece suporte para mães de filhos com deficiências

O trabalho do Projeto Marias é em prol da inclusão e da garantia de direitos.

Norma Souza, fundadora do projeto, em uma ação de entrega de alimentos.

Foto: Reprodução

Por Victória Henrique

Ser mãe de pessoa com deficiência exige a necessidade de acesso a uma série de suportes que, muitas vezes, o Estado não possibilita a esta mulher. Dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que ao menos 45 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, ou seja, quase 25% da população do país. Essa é uma informação alarmante que demonstra que este tema deve ser debatido com urgência, para que milhares de pessoas tenham seus direitos efetivamente garantidos.

O Benefício da Prestação Continuada (BPC) da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) garante um salário mínimo à pessoa com deficiência que “comprove não possuir meios de prover a própria manutenção, nem de tê-la provida por sua família”, assim como consta no site do Governo Federal. No entanto, esse valor costuma não ser suficiente para suprir todos os gastos, e foi ao considerar e estar inserida neste cenário de desamparo que Norma Souza, moradora de Manguinhos, bairro da zona norte do Rio de Janeiro, fundou o Projeto Marias. “Somos um coletivo de mulheres mães de filhos com diversos tipos de deficiências”, afirmou.

O coletivo tem por objetivo oferecer apoio a essas mães de filhos com diferentes deficiências, que dificultam o desenvolvimento e o aprendizado de maneira geral. Norma Souza lançou a iniciativa há 18 anos, após o nascimento do seu filho Kevyn Johnson. “Vítima de erro médico”, como apontou Norma, Kevyn ficou com deficiências física e mental, indo a óbito há sete meses. “Kevyn Johnson motivou toda a minha luta pela inclusão e garantia de direitos da pessoa com deficiência”, disse.

O Projeto Marias, hoje, atende mais de 350 mulheres, proporcionando melhorias na qualidade de vida dessas pessoas através de diferentes ações, que podem contar com a presença de parceiros ou não. Nos últimos anos, a iniciativa promoveu atividades que envolvem reforço escolar com apoio psicopedagógico; pré diagnóstico de crianças e adolescentes de escolas públicas que possuem distúrbios de aprendizagem, com encaminhamentos para especialistas; natal solidário que arrecadou brinquedos e distribuiu para crianças com deficiências e muito mais.

Nesta pandemia, muitas atividades estão paralisadas até que todos sejam vacinados, no entanto, um exemplo de ajuda recente foi a doação de cestas básicas, por um apoiador do projeto, às famílias de pessoas com deficiência no mês de maio, já que neste momento de Covid-19, a quantidade de pessoas que convivem com insegurança alimentar (incerteza no acesso aos alimentos) aumentou. De acordo com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), quase 117 milhões de pessoas estiveram nessa situação no final de 2020.

De acordo com Norma, o projeto também tem o intuito de empoderar essas mulheres. “Elas não precisam ficar sem estudar, sem passear, sem se arrumar. Elas podem ter uma vida normal, mesmo tendo filhos com deficiência. O mundo não acaba pelo fato de termos filhos com deficiência. Ao contrário, nós nos tornamos pessoas melhores”, comentou. Dentre as ações já realizadas pelo Projeto Marias, estão as oficinas de artesanato que mostram a essas mães que existe a possibilidade de conseguirem uma renda extra, sim.

Norma Souza, que luta diariamente pela causa e que já realizou muitas ações, conta que ainda tem um grande sonho: construir uma sala de Fisioterapia para crianças com deficiências não precisarem se deslocar para outros lugares, enfrentando, dessa forma, transtornos causados pela falta de acessibilidade.

Informações sobre o Projeto Marias:

E- mail: normapsicopedagoga@gmail.com

Facebook: projetomarias.net

Instagram: @ikjprojetomarias