Sistema Único de Saúde como barreira de proteção contra o Coronavírus
- commovimentouff
- 11 de abr. de 2020
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Atualizado: 13 de abr. de 2020
Estado do Rio de Janeiro entra em alerta pelo aumento de casos de Covid-19; a recomendação é o isolamento social

Por: Catiane Pereira
O Rio de Janeiro é o segundo maior local de circulação do novo Coronavírus no país, atrás do estado de São Paulo, com taxa de 8,46 casos para cada 100 mil habitantes. Diante disso, o isolamento social, medida recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), visa conter a disseminação da doença, contribuindo para que não haja uma sobrecarga no Sistema Único de Saúde (SUS) com a entrada em massa e ao mesmo tempo de pacientes. O SUS está preparado para a pandemia? Essa é a pergunta que muitos brasileiros passaram a se fazer desde a emergência da doença no país.
Diante das incertezas da crise desencadeada pelo aumento de casos e mortes por Covid-19 no Brasil, que colocou o país de quarentena, uma certeza é que sem o aparato técnico-científico para atender aos brasileiros, proporcionado pelo SUS, poderíamos sucumbir. O alerta é feito pelo pesquisador da área de saúde pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), Jorge Luiz Lima:
— O Sistema de Saúde brasileiro sempre foi um exemplo a ser seguido por vários países, por mais que tenha seus problemas, além de ser uma conquista do povo brasileiro.

(Evolução do coronavírus no Brasil │ Fonte: Ministério da Saúde)
De acordo com Jorge Luiz, para estar preparado, o sistema público requer adaptação àso sistema público estar preparado ou não, requer adaptação dele às necessidades inéditas e rápidas que são impostas pelos casos de Covid-19. O país desenvolveu ao longo dos anos aptidões decisivas para suprimir emergências. No entanto, a falta ou atraso de recursos, má gestão, ausência de incentivo aos profissionais da saúde, inexistência de prioridade política, e outras mazelas vêm comprometendo o Sistema Único de Saúde.
Ainda assim, para o pesquisador, o SUS é uma segurança a todos os brasileiros. O Sistema Único de Saúde investe cerca de R$ 103 bilhões por ano e atende 75% da população brasileira. Além disso, o Programa Nacional de Imunizações é o maior do mundo. Através das vacinas, ajuda o sistema imunológico a combater vírus e bactérias que desafiam a saúde pública, ou seja, o quadro da população em geral não está ruim frente ao Coronavírus.
O Sistema Único de Saúde é mais amplo do que a maioria imagina, não sendo somente atendimento em hospitais. Também fazem parte do SUS o trabalho da Vigilância Sanitária desinfetando as ruas; a Vigilância Epidemiológica estudando e projetando o número de casos; os Agentes de Saúde que atendem em casa quem não pode sair; a Fiocruz produzindo insumos diversos (medicamentos, testes, protocolos, pesquisas); além das universidades, com hospitais e atendimentos básicos ambulatoriais.
O Coronavírus é uma ameaça à população brasileira, mas não é a primeira epidemia que o Sistema Único de Saúde enfrenta. Em abril de 2009, a Organização Mundial de Saúde declarou pandemia de gripe H1N1, também conhecida como gripe suína. No início da propagação, a primeira ação do Governo Brasileiro foi a implantação de um sistema de barreira sanitária de Influenza em todos os aeroportos e foi intensificada a campanha de vacinação contra gripe. Contudo, no caso da Covid-19 a vacina ainda não está disponível, portanto, a medida de contenção, além das barreiras nos aeroportos, se faz por meio de isolamento social a fim de evitar a propagação da doença.

(Evolução do coronavírus por região │ Fonte: Ministério da Saúde)
Segundo declarou Deisy Ventura, professora titular da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), em artigo de opinião ao jornal Folha de S. Paulo, quando se vê transformado em um grande ‘laboratório’ do avanço do novo Coronavírus, por sua grande população e extensão territorial, o Brasil percebe a importância de possuir um sistema público de saúde. Além de ter o maior sistema de acesso universal à saúde e dispor do maior sistema de transplante do mundo, existe a massa profissional proveniente, principalmente, de um sistema público de formação e pesquisa, hoje ameaçado por cortes financeiros.
O SUS atende 190 milhões de pessoas, entre elas a estudante de sociologia, Camila Garcia Fintelman, moradora do bairro de São Domingos em Niterói. Ela conta que sua mãe precisou fazer uma cirurgia para retirada de miomas no útero e sem o SUS, a família não poderia pagar nem os exames.
— O SUS é extremamente necessário para quem não possui a possibilidade de pagar um tratamento na saúde privada, especialmente quando se trata de um momento de emergência em que estamos despreparados financeiramente.
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